A construção de barragens para implantação de usinas hidrelétricas (UHE) na bacia do rio Madeira e outros rios amazônicos é considerada pelo setor elétrico como uma necessidade para o desenvolvimento econômico do Brasil e da Amazônia, pois a oferta de energia elétrica atrai novos investimentos, e, com isso, haverá o crescimento da economia local. A região Norte do Brasil é rica em recursos hídricos. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), aproximadamente 44% do potencial hidráulico remanescente no Brasil estão concentrados na região Norte, com 114GW a serem ainda utilizados.
Segundo os planos nacionais de expansão dos aproveitamentos hidrelétricos para o estado de Rondônia, estão previstas seis UHE (Jirau, Santo Antônio, Madeira Binacional, Monte Cristo, Ávila e Ji-Paraná), as quais, construídas em 3.731,919 Km2, atingirão 12 áreas indígenas, totalizando 5.784 habitantes.
A capital de Rondônia, a cidade de Porto Velho, situa-se ao norte do estado e apresenta, ainda hoje, precárias condições sanitárias, principalmente na área rural. O ingresso de milhares de trabalhadores na área para as obras civis das UHE do rio Madeira pode agravar ainda mais as condições de saúde da população local. Os impactos sociais e econômicos das obras não se restringem à vizinhança de Porto Velho, uma vez que alteram regionalmente as condições de vida, a economia e o fluxo migratório de Rondônia. As maiores críticas à implantação de tais usinas apontaram para a necessidade de estudos ambientais mais efetivos sobre o conjunto dos impactos e sua extensão em todo o território da bacia hidrográfica diretamente afetada.
Quanto aos impactos sobre os seres vivos, destacam-se as interferências que as hidrelétricas terão sobre a migração de peixes na região, bastante intensa entre os rios da bacia do Madeira e do Purus e da bacia Amazônica em geral.
Outro problema apontado por cientistas da área de saúde é a incidência de malária. Segundo estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), a construção de UHEs na região Amazônica geralmente causou aumento de casos da doença, sugerindo que se as condições atuais de saneamento e os serviços públicos de saúde oferecidos à população não sofrerem uma profunda reestruturação tanto física quanto humana, os riscos de uma nova epidemia aumentarão consideravelmente, uma vez que a propagação dessa moléstia está ligada a modificações no ambiente, como os desmatamentos, processos migratórios, urbanização, características econômicas, sanitárias e comportamentais.
Para concluir, precisamos entender que o aproveitamento do potencial energético dos rios do Brasil e da região Amazônica pode e deve ser feito, inclusive por se tratar de uma fonte de energia muito mais limpa que os combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão, que são as principais opções para a geração de energia atualmente exploradas no Brasil. Por outro lado, não podemos esquecer que o aproveitamento energético de rios como o Madeira deve ser realizado tendo em vista todas as precauções relacionadas à presença de populações tradicionais, à biodiversidade aquática mais rica do planeta e também aos riscos de propagação de doenças endêmicas, como é o caso da malária. A busca de um equilíbrio é um desafio para o setor elétrico, que precisa ser equacionado para o bem das populações amazônicas e da sociedade brasileira como um todo.
Fonte: http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/969/impactos-ambientais-das-usinas-hidrel-tricas-do-rio-madeira.html
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